domingo, 19 de agosto de 2012

Your last song

Eu gosto do que faz mal, do que destrói,
do que fere.
Gosto do que nao se gosta, do que não se pode ter, do que todos desistem,
do que nunca é o suficiente.
Aprecio o que outros morrem buscando,
o som esmagador do breu
onde ninguém consegue habitar senão o indecifrável "nunca alcançar".

Gosto do frio da solidão nas noites mortas
e do olhar triste e soturno.

Gosto do que é silencioso e nada mais do que uma vontade esquecida
frente ao poder do tempo e a intolerância da distância.

Da ferida,
a dor da perda,
as palavras que não foram pronunciadas,
as chances que não foram aproveitadas,
os olhos que não mais se cruzaram.

Do que envelheceu e morreu,
que não será recordado, lamentado, ao menos querido.

Aprecio o pesar do momento quando lento e a acidez das lágrimas não correspondidas,
lembrar do último segundo cheio de incerteza e mentiras,
do último toque sem calor ou excitação,
do dissimulado.

Reflito em tudo o que foi feito e o que não será,
No que foi deixado de lado, no aglomerado de abandonos.

Gosto de sofrer com a recordação do sorriso e da voz...

...cortante!
Entre mil vozes e sentimentos, são dos seus que me lembro.
Seu gosto,
cheiro,
sua tortura.

E é toda essa sensação tóxica que vou carregar,
depois um novo molde será feito dos vestígios ainda viventes
mas nada será tão puro, honesto ou completo,
porque vez após vez tudo é levado.

Mais uma queda, um furto, um vazio.

Pobre coração.

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