Eu gosto do que faz mal, do que destrói,
do que fere.
Gosto do que nao se gosta, do que não se pode ter, do que todos desistem,
do que nunca é o suficiente.
Aprecio o que outros morrem buscando,
o som esmagador do breu
onde ninguém consegue habitar senão o indecifrável "nunca alcançar".
Gosto do frio da solidão nas noites mortas
e do olhar triste e soturno.
Gosto do que é silencioso e nada mais do que uma vontade esquecida
frente ao poder do tempo e a intolerância da distância.
Da ferida,
a dor da perda,
as palavras que não foram pronunciadas,
as chances que não foram aproveitadas,
os olhos que não mais se cruzaram.
Do que envelheceu e morreu,
que não será recordado, lamentado, ao menos querido.
Aprecio o pesar do momento quando lento e a acidez das lágrimas não correspondidas,
lembrar do último segundo cheio de incerteza e mentiras,
do último toque sem calor ou excitação,
do dissimulado.
Reflito em tudo o que foi feito e o que não será,
No que foi deixado de lado, no aglomerado de abandonos.
Gosto de sofrer com a recordação do sorriso e da voz...
...cortante!
Entre mil vozes e sentimentos, são dos seus que me lembro.
Seu gosto,
cheiro,
sua tortura.
E é toda essa sensação tóxica que vou carregar,
depois um novo molde será feito dos vestígios ainda viventes
mas nada será tão puro, honesto ou completo,
porque vez após vez tudo é levado.
Mais uma queda, um furto, um vazio.
Pobre coração.
domingo, 19 de agosto de 2012
Assinar:
Postar comentários (Atom)
0 comentários:
Postar um comentário